segunda-feira, maio 24, 2004

Os filhos da puta

Os filhos da puta
[desabafos]

afonso henriques
todos sabemos que
és o nosso papá
gostava era de conhecer
a vaca que deu à luz
todos estes filhos da puta
que povoam este país...

Omolete para dois

Omolete para dois

sexta à noite
snack mal cheiroso
mesa rasca
empregado ranhoso
cerveja fresca
gaja quente pra comer
omolete para dois
antes de nos comermos
as mamas dela teimam
em saltar-me aos olhos
a pedir que as faça alimento
a pissa sorri-lhe
mais uma cerveja
pra serenar as emoções
cheira bem esta puta
deve ter uma rata saborosa
venha de lá essa omolete
já estou com água na boca

sexta-feira, maio 21, 2004

Amor

Amor

palavra abstracta
palavra suja e gasta
palavra fingida
palavra mastigada
cuspida na sarjeta
palavra
apenas palavra
é urgente riscá-la
apagá-la
rasgá-la
silenciá-la
enquanto há tempo
antes que alguém mais
caia na ilusão
e se torne seu escravo
amor
morre
e renasce pedra

Summertime

Summertime

ondas de tesão
varrem meu corpo
quero engolir o mundo
como se fosse uma cona
e ser engolido pela tua boca
sentir-me deslizar em teus lábios
esmago-te as mamas com estas mãos
até gritares
nu sobre teu corpo
duro dentro de ti
fodo-te até o tempo deixar de existir
até ambos deixarmos de ser
fodo essa bela cona
fodo esse cu delicioso
fodo-te toda
assim é neste instante
em que podia ter-te
e tenho-te sem te ter
nesta realidade disfarçada
de fantasia

sexta-feira, maio 14, 2004

Sessão das sete

Sessão das sete

morricone no fundo
azul turquesa por todo o lado
pintalgado de neons publicitários
a gaja boa desliza no passeio
com seu andar de incendiária
o tempo corre ao seu ritmo
ritmo que embala o desejo
os olhares colam-se nela
naquele andar naquelas pernas
naquele corpo que é um barco
à deriva no meu pensamento
ela fuma um cigarro
eu espero que ela me veja
mas nada existe senão ela
no seu magnífico universo
o meu sangue ferve
queria estar neste filme
e ser protagonista por um minuto
um minuto eterno
em que a minha boca é a sua
e a sua é a minha
e a promessa de um amor
desagua em nossas bocas
e explode em nossos corpos
desculpe o filme já acabou
diz-me o velho ranhoso do cinema
quer dormir vá pra casa
grande paneleiro tens é inveja
querias tu uma gaja daquelas

terça-feira, maio 04, 2004

Ainda falta tanto pró Natal

Ainda falta tanto pró Natal

o calor desaperta
os olhos abrem-se
pra ver as conas passarem
e as mamas acenarem
ás nossas pissas
ainda falta tanto pró Natal
e ainda bem

Recordar é viver

Recordar é viver

morro a cada instante que passa
lenta e continuamente
morro
escrevo para o celebrar
e grito bem alto
(sei que ninguém me ouve)
mata-me vida
mata-me até ao fim
sufoca-me na tua intensidade
ah não te finjas adormecida
que eu sinto teu vibrar
bem debaixo dos meus pés
mata-me engole-me
faz-me perder nas tuas entranhas
tu que não sabes ser mãe
apenas puta
por que esperas
vem estou à tua espera
trespassa-me com essa lança
e faz jorrar meu sangue
em explosões de contentamento
ah vida despacha-te
antes que o tempo
o faça por ti
mata-me